Desde 2002 até 2011, o número de processos de erros médicos abertos quase quadriplicou
- Criança morre ao receber aplicação de vaselina
- Criança tem a ponta de seu dedo mínimo decepada por enfermeira
- Menino de 11 anos morre após receber injeção de analgésico
- Mulher morre ao receber transplante de fígado destinado a outra pessoa
Estes são só alguns dos últimos casos de erros médicos ocorridos nos hospitais públicos do país.
Certa vez minha esposa procurou um hospital que atendia nosso plano de saúde com meu filho de apenas 10 dias de vida nos braços. A criança apresentava vermelhidão por todo o corpo e mostrava-se inquieta. Foi atendida por uma médica em horário próximo ao final do plantão, por volta das 18 hrs. O diagnóstico da médica foi alergia e irritação de pele, medicado o menino foi liberado em seguida. Minha esposa voltou para casa mas não ficou tranqüila. Voltamos, desta vez nós dois, ao hospital onde fomos atendidos por uma médica iniciando seu plantão e junto com ela estava a tal médica da consulta anterior. Ao ver o menino, a médica plantonista chamou de imediato o responsável pela UTI neonatal que determinou a internação urgente de meu filho. Internou a criança na UTI e me procurou para dizer "Pai não garanto nada, se ele passar desta noite estará salvo" Como assim se ele passar desta noite, não era só uma alergia? Não, não era! Meu filho tinha infecção generalizada ocasionada por falha nos rins e se minha mulher não tivesse insistido em voltar ao hospital, hoje não teríamos mais meu filho ao nosso lado. A sim, a tal médica da consulta anterior não abriu a boca nem para se justificar ou pedir desculpas. Até hoje lamento não ter entrado com representação contra ela mas os dias que se seguiram foram tão difíceis que pensamos em mais nada além de levar nosso filho de volta para casa. Ele ficou internado quase um mês lutando contra aquela infecção, mas hoje está curado graças a Deus. Se os serviços prestados por um hospital atendendo planos de saúde pode ser assim, imagine a rede pública onde os funcionários pensam estar prestando um favor a população.
De um lado, o grande número de pessoas que buscam o serviço público de saúde sobrecarrega o já insuficiente quadro de funcionários dos hospitais (mas a rede pública tem que estar preparada para atender a tantos quantos a procurem). De outro lado, poucos hospitais acabam por centralizar procedimentos, gerando acúmulo de atendimentos (mas é obrigação do estado construir hospitais, aparelhar e contratar pessoal adequado para atender a demanda). Há ainda o despreparo dos profissionais concursados já que os melhores profissionais procuram se empregar nos hospitais e clinicam particulares que pagam melhor (no Brasil, é notória a diferença salarial entre serviço público e privado), deixando para a rede pública os menos qualificados, bem como os hospitais e clínicas particulares que ainda prestam serviço ao SUS e que alegam receberem pouco pelos serviços prestados o que os forçaria a reduzir o quadro de funcionários, pagando mal estes profissionais e, consequentemente, atendendo mal a população.
Os concursos públicos para preenchimento de vagas não avaliam de fato os profissionais pela sua qualificação e preparo. Servem apenas como porta de acesso para, na maioria dos casos, apadrinhados políticos dos governantes. Assim, é o velho QI (quem indicou) que determina quem irá atender a população nos órgãos públicos, e nos hospitais não é diferente, salvo raras exceções.
Em suma, médicos, enfermeiros, atendentes e demais funcionários cansados, estressados, desmotivados e despreparados prestando serviços a uma população que não tem recursos para buscar serviços melhores e tampouco para buscar justiça e reparação de danos.
Como em tudo neste país maravilhoso, quem mais precisa do governo é, justamente, quem menos recebe amparo dos órgãos públicos. Nossos hospitais são rápidos em cometer erros e nossa justiça muito lenta em punir culpados. Para piorar, os principais "alvos" da negligência médica tem sido as crianças, mais frágeis e indefesas e por vezes incapazes de explicar bem os sintomas dos males que as afetam.
Não bastassem todos os problemas sociais que tolhem a vida de nossas crianças afetando diretamente o futuro do país tais como drogas, violência domestica, abandono, pedofilia, acidentes domésticos, ensino público horrível que decreta o fracasso profissional e financeiro de nossos jovens agora também temos que nos preocupar não só com as doenças que afligem nossas crianças, o que já é bem difícil, mas também com a qualidade dos profissionais que irão atendê-los nos hospitais e postos de saúde que procuramos.
Sra. Presidente e Sr. Ministro da Saúde olhem atentamente para os serviços oferecidos a população e especialmente às nossas crianças. Matar um adulto por negligência médica é crime, mas matar uma criança é hediondo.